tag:blogger.com,1999:blog-38866222436909232512024-03-12T17:11:50.842-07:00Longasnoites-PensamentoscurtosDear Lord
every day in every way teach me to tend to my one business and to keep my big mouth shut...especially when I don't know what I'm talking about.C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.comBlogger24125tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-17328646357282000382020-06-05T16:00:00.000-07:002020-06-05T16:00:16.418-07:00As palminhas e a hipocrisiaDei comigo muito irritada com as manifestações das palminhas e cantigas à janela na exultação das profissões "da linha da frente" e tive que parar um pouco para pensar na causa da minha indignação.<br />
<br />
Foi fácil, é a hipocrisia, a defesa de determinada causa motivada apenas pelo medo, mais nada.<br />
O que leva as pessoas a estas manifestações de solidariedade súbitas? " O medo"<br />
<br />
Já transcrevi neste blogue em tempos o poema do medo do Alexandre O'Neill e é isso mesmo.<br />
Junto ao medo a hipocrisia e é um "caldinho" perfeito. <br />
<br />
Ora então, profissional de saúde, policia, bombeiro sempre foram profissões com risco associado,ou não?<br />
Terá sido agora que apareceu a primeira doença contagiosa da humanidade? Ou, lidamos com elas todos os dias?<br />
E, se agora até temos algumas protecções (as famosas e nalguns casos escassas EPI's), há 100 anos já havia médicos e enfermeiros e auxiliares que, sem EPI trataram dos seus doentes o melhor que podiam e a ciência da época recomendava (peste, gripe espanhola, ébola, lepra, tuberulose...) enfim uma lista infindável de doenças que sempre tentámos tratar, com maior ou menor risco de contágio.<br />
<br />
Os policias sempre andaram atrás dos ladrões (infectados com qualquer coisa, ou não), e têm como função impôr a ordem pública (o que tem riscos evidentes), os bombeiros sempre se entregaram de alma e coração ao combate aos incêndios, onde além do risco imediato das queimaduras sabem haver um risco a longo prazo pela inalação crónica de fumo.<br />
<br />
Todas estas categorias profissionais que referi são mal pagas (os polícias parece que até a farda pagam), os profissionais de saúde idém e os bombeiros, nem se fala (só as palminhas no Verão quando o país está a arder e lá temos de novo o medo combinado com a hipocrisia, de quem bate palminhas mas critica qualquer melhoria das condições de trabalho destes profissionais que labutam em várias "linhas da frente" (este termo irrita-me mas é o que está na moda).<br />
<br />
Todos estes profissionais, são funcionários públicos.<br />
Aquela classe de parasitas que não faz nada e vive às expensas do estado.<br />
Sempre que há uma greve por melhores condições de trabalho ou ordenados, ouvem-se este tipo de comentários, e aposto que muitos dos que nos chamam parasitas fazem parte dos que agora, acometidos pelo Medo, vêm bater palminhas às janelas.<br />
<br />
Tenho pena de ter assistido a tantas manifestações de palminhas, musiquinhas...apoios aparentemente incondicionais????<br />
<br />
Os ordenados dos funcionários públicos são baixos e nalgumas categorias profissionais miseráveis.<br />
Os médicos fogem para a privada, na miragem de que estes pagam melhor (sem a noção do perigo que isso representa, sim porque esses pagarão melhor enquanto for custo-efectivo, depois...será o que eles quiserem). Mas isto dá outra crónica.<br />
<br />
Os enfermeiros, emigram sempre que podem (e podem muito porque os nossos são excelentes) e na privada são igualmente mal pagos.<br />
<br />
Os auxiliares, dada a miserabilidade dos ordenados, muito próximo do ordenado mínimo, têm que trabalhar em dois sitios, o que representará 16h/dia para muitos deles.<br />
E sim, como trabalham em dois sitios há alguém que tem dois empregos para quem não tenha nenhum...mas experimentai viver do ordenado mínimo (aconselho a experiência a todos).<br />
Os técnicos de meios auxiliares de diagnóstico, os terapêutas, é a mesma coisa.<br />
Só conheço uma classe profissional na saúde que arrisca pouco (ou quase nada) e é bem paga, o gestor, o administrador (não não é a administrativa, essa é mal paga, leva com muitos perdigotos e com o mau humor dos utentes e dos outros profissionais mal dispostos) <br />
<br />
Por isso malta, aqui deixo "O medo" de novo e o pedido a todos os que bateram palmas depois disto nos ajudem na luta por melhores condições de trabalho.<br />
Não, as palminhas não pagam contas, nem dão locais dignos para trabalhar!<br />
<br />
Quando nos puseram relógios de ponto nos hospitais escrevinhei aqui umas palavritas, na altura, que recordo bem, ouvi muitas vozes a defender a medida "agora é que os malandros vão ver o que é trabalhar e cumprir horários"! Nessa altura prometi que iria cumprir escrupulosamente o meu horário, não consegui, mas aquele bendito relógio de ponto teve uma utilidade!<br />
Nestes anos trabalhei mais quase mil horas e não fiz 70 folgas (leia-se trabalhei 70 domingos, feriados e tolerâncias de ponto) para esta contabilização serviu o detestável ponto, ora imaginem lá que isto tinha começado há 30 anos ?<br />
Em calhando já me podia reformar!!!<br />
Mas , esse mesmo "sistema informático" desconta os 10 minutos de atraso e, se no meu caso priveligiado as horas que trabalhei a mais não foram pagas mas ficaram registadas, noutras classes profissionais nem isso, só serve mesmo para contar o " a dever" não há coluna para "o haver".<br />
Parece uma imposibilidade, sim , mas é mesmo verdade, se alguém tiver curiosidade (o que eu duvido) posso explicar como funciona o saldo de horário e a bolsa de horas e...etc. <br />
<br />
Fica o poema, e um pedido de desculpas a todos os profissionais que agora não formam mencionados nestas palavras (porque ninguém ainda lhes bateu palminhas!) como os professores, os funcionários de repartições,da idústria alimentar, os senhores que nos mantém as ruas limpas, e por aí fora.<br />
Dedicar-lhes-ei umas palavritas em breve.<br />
Sim porque ser professor neste pais é outra tristeza. Levam com os ranhosos, com os irados pais e chegada a esta altura da história reinventam-se em formatos alternativos que dão seguramente mais trabalho e exigem imaginação e dedicação.<br />
Haverá criticas? Concerteza que sim, mas quantos de nós já tínhamos tido que reinventar uma vida em crise sanitária? Eu nunca, e já não sou propriamente nova...<br />
<br />
Há muitas outras profissões que merecem muitas palminhas, mas acima de tudo merecem melhores ordenados e melhores condições de trabalho. Batalhemos por todos, sem medo, sem hipocrisia.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-42044381011801490482020-05-14T11:14:00.000-07:002020-05-14T11:14:48.615-07:00A cadeira elevatória e a humanidade<div>
A propósito da "solidariedade estranha" que surgiu com esta pandemia, e sobre a qual vou tentar organizar ideias um dia destes, e porque soube que aquilo que há 10 anos foi uma conquista agora é lei, resolvi vir aqui contar a história do (já famoso) <i>Zé da Boina</i> e sua cadeira.</div>
<div>
</div>
<br />
<div>
Era uma vez um Homem, careca, giraço, inteligente, culto, trabalhador, honesto e com uma preocupação quase patológica em ser um Homem Justo. Era ele o <i>Zé da Boina</i> (para a malta do facebook), Meu Pai (para a malta que me conhece), e o Zé Mota (para a malta que o conhece a ele).</div>
<br />
<div>
Ensinou.me o tal "<i>da Boina</i>", que o que há de mais precioso nesta vida é o Respeito pelo próximo, seja ele quem for. </div>
<br />
<div>
Aprendi desde muito cedo que as raças, os credos e/ou as cores políticas, são apenas uma parte do que nós somos como seres Humanos.</div>
<div>
Tentou ele explicar-me também que a condição humana é de uma enorme precaridade, que tudo se desmancha com enorme facilidade, que quem hoje está bem, amanhã pode estar tão mal que morre e pronto acabou-se.<br />
Por isso o mais importante desta vida é mesmo viver com Humanidade!</div>
<br />
<div>
</div>
Ora, o tal Zé (Pai e com boina porque tem frio na careca) encontrou-se numa condição mais precária da sua existência por doença (AVC) e deixou de conseguir subir as escadas do andar onde vive (3ºandar).<br />
Então, solícitos filhos, bem educados, e tendo aprendido que a autonomia é uma das coisas importantes para um ser humano, chamam uma empresa para estudar a forma de colocar um "auxílio" nas escadas.<br />
Que seja tecnicamente exequível, que não incomode ninguém, e cuja despesa os nossos pais suportam na íntegra.<br />
Acresce ainda a proposta do tal senhor "<i>da Boina</i>" que deveria ser claro que qualquer morador no prédio em caso de necessidade poderia usar o dispositivo que se viesse a colocar. <br />
<div>
</div>
<br />
<div>
A empresa, depois de estudar a situação, propõe que se coloque uma cadeira elevatória.</div>
E então avisam-se os solidários senhorios e os restantes habitantes do prédio, coloca-se uma carta a fazer o aviso da data de colocação previsível, pedindo desculpa pelo incómodo.<br />
Tínhamos obviamente o acordo verbal prévio de todos eles, ou não estivessemos a falar de pessoas humanistas e solidárias.<br />
<br />
<div>
Aí, eles, os senhorios e restantes condóminos, fazem uma reunião e...tornam-se ex-humanistas e ex solidários e decidem que Não autorizam a montagem da cadeira!<br />
Motivos? Nada que eu perceba, os envergonhados alegam motivos técnicos inexistentes, os restantes usam como argumento apenas que o prédio é Meu e ninguém vai colocar nada no Meu prédio, e a cadeira nem sequer é bonita! E o senhor que é deficiente quando quiser sair de casa chama uma ambulância! <b>Heil!</b></div>
<br />
<div>
</div>
Aí, tal como me ensinaram desde pequena, nada a temer, os tribunais existem para ver quem tem razão, certo?<br />
Primeiro passámos por alguns advogados que nos explicaram que se o condomínio não aceita...hum...se calhar não há muito a fazer.<br />
Mas, lá vieram duas advogadas inspiradas e um reforço positivo do arquitecto da câmara que disse: bom lá legal não é, mas é imoral e se vocês podem (que é como quem diz têm dinheiro), lutem porque a maior parte das pessoas nessa situação não o pode fazer.<br />
<br />
<div>
Vamos então ouvir o parecer de um juiz (no caso em apreço, uma juíza), parte não interessada na questão e que a analisa aos olhos da lei.</div>
<br />
<div>
Analisada a questão , a ordem que surge da providência cautelar é simples "nenhum cidadão" pode ser impedido, de colocar um acesso à sua casa e não não é de ambulância que se vai ao cinema ou jantar fora (isto ela não disse mas sei que pensou:-))</div>
Coloque-se a cadeira!<br />
<br />
E aí deu-se inicio a uma novela que valeu a pena seguir!!!<br />
Gritos, insultos, maus tratos, idas à TV, já não sei descrever tudo mas sei que a cadeira foi colocada com guarda policial e que depois foram muitos anos (oito) em luta de tribunais com recursos atrás de recursos que (porque podemos) lá fomos suportando até ao final, alguns milhares de euros depois.<br />
<br />
Esta pandemia, e as questões de solidariedade que tem colocado lembraram-me este episódio, fica assim registado neste meu diário de bordo abandonado há tanto tempo.<br />
<br />
<br />
<br />
<div>
</div>
C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-75458390542236374562018-03-16T16:36:00.000-07:002018-03-16T16:37:13.029-07:00Voltando, anos depois<br />
Isto tem um motivo.<br />
Blogue de alguém é personalizado. Rede social é...diferente.<br />
Aqui quem vem, quer saber o que eu penso.<br />
Não tem que levar com os meus pensamentos ao ligar o telebimbo,<br />
O mundo está doido.<br />
Penso eu, agora.<br />
Há quantas gerações alguém como eu acha que o mundo está doido?<br />
Demais...tanto que ainda há Sírias e eu não percebo.<br />
Somos a mesma espécie, onde está a lógica?<br />
É geração antiga? (forma mais simpática de dizer... velha)<br />
Mas... nop,<br />
O horror da humanidade é milenar<br />
Tem composição?<br />
Gostava de acreditar que sim. <br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/RwUGSYDKUxU/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/RwUGSYDKUxU?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br />
Não tem sentido? <br />
<br />C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-75316355293855808972013-12-11T10:19:00.001-08:002013-12-11T10:19:58.875-08:00A Ordem Criminosa do Mundo <iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="//www.youtube.com/embed/8yyDNBx6ChY" width="459"></iframe><br />
C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-82525495185707328012013-02-12T11:25:00.001-08:002013-02-12T11:25:26.695-08:00Tenho dado comigo a pensar neste poema...<i>First they came for the Socialists, and I did not speak out--<br />Because I was not a Socialist.</i> <br />
<i>Then they came for the Trade Unionists, and I did not speak out--</i> <br /><i>Because I was not a Trade Unionist.</i> <br />
<i>Then they came for the Jews, and I did not speak out--</i> <br /><i>Because I was not a Jew.</i> <br />
<i>Then they came for me--and there was no one left to speak for me.</i><br />
<br />
<h1>
<span style="font-size: small;"> Martin Niemöller</span></h1>
C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-34081478319212683552012-10-17T09:29:00.003-07:002012-10-17T09:29:28.199-07:00Mais umas verdadinhas<em>Há alguns incompetentes, mas poucos inocentes. O que poderemos nós pensar quando, depois de tantos anos a exigir o fim das SCUT, descobrimos que, afinal, o fim das auto-estradas sem portagens ainda iria conseguir sair mais caro ao Estado? Como caixa de ressonância daqueles que de quem é porta-voz (tendo há muito deixado de ter voz própria), o presidente da Comissão Europeia, o português Durão Barroso, veio alinhar-se com os conselhos da troika sobre Portugal: não há outro caminho que não o de seguir a “solução” da austeridade e acelerar as “reformas estruturais” ? descer os custos salariais, liberalizar mais ainda os despedimentos e diminuir o alcance do subsídio de desemprego. Que o trio formado pelo careca, o etíope e o alemão ignorem que em Portugal se está a oferecer 650 euros de ordenado a um engenheiro electrotécnico falando três línguas estrangeiras ou 580 euros a um dentista em horário completo é mais ou menos compreensível para quem os portugueses são uma abstracção matemática. Mas que um português, colocado nos altos círculos europeus e instalado nos seus hábitos, também ache que um dos nossos problemas principais são os ordenados elevados, já não é admissível. Lembremo-nos disto quando ele por aí vier candidatar-se a Presidente da República. Durão Barroso é uma espécie de cata-vento da impotência e incompetência dos dirigentes europeus. Todas as semanas ele cheira o vento e vira-se para o lado de onde ele sopra: se os srs. Monti, Draghi, Van Rompuy se mostram vagamente preocupados com o crescimento e o emprego, lá, no alto do edifício europeu, o cata-vento aponta a direcção; se, porém, na semana seguinte, os mesmos senhores mais a srª Merkel repetem que não há vida sem austeridade, recessão e desemprego, o cata-vento vira 180 graus e passa a indicar a direcção oposta. Quando um dia se fizer a triste história destes anos de suicídio europeu, haveremos de perguntar como é que a Europa foi governada e destruída por um clube fechado de irresponsáveis, sem uma direcção, uma ideia, um projecto lógico. Como é que se começou por brincar ao directório castigador para com a Grécia para acabar a fazer implodir tudo em volta. Como é que se conseguiu levar a Lei de Murphy até ao absoluto, fazendo com que tudo o que podia correr mal tivesse corrido mal: o contágio do subprime americano na banca europeia, que era afirmadamente inviável e que estoirou com a Islândia e a Irlanda e colocou a Inglaterra de joelhos; a falência final da Grécia, submetida a um castigo tão exemplar e tão inteligente que só lhe restou a alternativa de negociar com as máfias russas e as Three Gorges chinesas; como é que a tão longamente prevista explosão da bolha imobiliária espanhola acabou por rebentar na cara dos que juravam que a Espanha aguentaria isso e muito mais; como é que as agências de notação, os mercados e a Goldman Sachs puderam livremente atacar a dívida soberana de todos os Estados europeus, excepto a Alemanha, numa estratégia concertada de cerco ao euro, que finalmente tornou toda a Europa insolvente. Ou como é que um pequeno país, como Portugal, experimentou uma receita jamais vista ? a de tentar salvar as finanças públicas através da ruína da economia ? e que, oh, espanto, produziu o resultado mais provável: arruinou uma coisa e outra. E como é que, no final de tudo isto, as periferias implodiram e só o centro ? isto é, a Alemanha e seus satélites ? se viu coberto de mercadorias que os seus parceiros europeus não tinham como comprar e atulhado em triliões de euros depositados pelos pobres e desesperados e que lhes puderam servir para comprar tudo, desde as ilhas gregas à água que os portugueses bebiam. Deixemos os grandes senhores da Europa entregues à sua irrecuperável estupidez e detenhamo-nos sobre o nosso pequeno e infeliz exemplo, que nos serve para perceber que nada aconteceu por acaso, mas sim porque umas vezes a incompetência foi demasiada e outras a inocência foi de menos. O que podemos nós pensar quando o ex-ministro Teixeira dos Santos ainda consegue jurar que havia um risco sistémico de contágio se não se nacionalizasse aquele covil de bandidos do BPN? Será que todo o restante sistema bancário também assentava na fraude, na evasão fiscal, nos negócios inconfessáveis para amigos, nos bancos-fantasmas em Cabo Verde para esconder dinheiro e toda a restante série de traficâncias que de há muito - de há muito! - se sabia existirem no BPN? E como, com que fundamento, com que ciência, pode continuar a sustentar que a alternativa de encerrar, pura e simplesmente, aquele vão de escada “faria recuar a economia 4%”? Ou que era previsível que a conta da nacionalização para os contribuintes não fosse além dos 700 milhões de euros? O que poderemos nós pensar quando descobrimos que à despesa declarada e à dívida ocultada pelo dr. Jardim ainda há a somar as facturas escondidas debaixo do tapete, emitidas pelos empreiteiros amigos da “autonomia” e a quem ele prometia conseguir pagar, assim que os ventos de Lisboa lhe soprassem mais favoravelmente? O que poderemos nós pensar quando, depois de tantos anos a exigir o fim das SCUT, descobrimos que, afinal, o fim das auto-estradas sem portagens ainda iria conseguir sair mais caro ao Estado? Como poderíamos adivinhar que havia uns contratos secretos, escondidos do Tribunal de Contas, em que o Estado garantia aos concessionários das PPP que ganhariam sempre X sem portagens e X+Y com portagens? Mas como poderíamos adivinhá-lo se nos dizem sempre que o Estado tem de recorrer aos serviços de escritórios privados de advocacia (sempre os mesmos), porque, entre os milhares de juristas dos quadros públicos, não há uma meia dúzia que consiga redigir um contrato em que o Estado não seja sempre comido por parvo? A troika quer reformas estruturais? Ora, imponha ao Governo que faça uma lei retroactiva - sim, retroactiva - que declare a nulidade e renegociação de todos os contratos celebrados pelo Estado com privados em que seja manifesto e reconhecido pelo Tribunal de Contas que só o Estado assumiu riscos, encaixou prejuízos sem correspondência com o negócio e fez figura de anjinho. A Constituição não deixa? Ok, estabeleça-se um imposto extraordinário de 99,9% sobre os lucros excessivos dos contratos de PPP ou outros celebrados com o Estado. Eu conheço vários. Quer outra reforma, não sei se estrutural ou conjuntural, mas, pelo menos, moral? Obrigue os bancos a aplicarem todo o dinheiro que vão buscar ao BCE a 1% de juros no financiamento da economia e das empresas viáveis e não em autocapitalização, para taparem os buracos dos negócios de favor e de influência que andaram a financiar aos grupos amigos. Mais uma? Escrevam uma lei que estabeleça que todas as empresas de construção civil, que estão paradas por falta de obras e a despedir às dezenas de milhares, se possam dedicar à recuperação e remodelação do património urbano, público ou privado, pagando 0% de IRC nessas obras. Bruxelas não deixa? Deixa a Holanda ter um IRC que atrai para lá a sede das nossas empresas do PSI-20, mas não nos deixa baixar parte dos impostos às nossas empresas, numa situação de emergência? OK, Bruxelas que mande então fechar as empresas e despedir os trabalhadores. Cumpra-se a lei! Outra? Proíbam as privatizações feitas segundo o modelo em moda, que consiste em privatizar a parte das empresas que dá lucro e deixar as “imparidades” a cargo do Estado: quem quiser comprar leva tudo ou não leva nada. E, já agora, que a operação financeira seja obrigatoriamente conduzida pela Caixa Geral de Depósitos (não é para isso que temos um banco público, por enquanto?). O quê, a Caixa não tem vocação ou aptidão para isso? Não me digam! Então, os administradores são pagos como privados, fazem negócios com os grandes grupos privados, até compram acções dos bancos privados e não são capazes de fazer o que os privados fazem? E, quanto à engenharia jurídica, atenta a reiterada falta de vocação e de aptidão dos serviços contratados em outsourcing para defenderem os interesses do cliente Estado, a troika que nos mande uma equipa de juristas para ensinar como se faz. Tenho muitas mais ideias, algumas tão ingénuas como estas, mas nenhumas tão prejudiciais como aquelas com que nos têm governado. A próxima vez que o careca, o etíope e o alemão cá vierem, estou disponível para tomar um cafezinho com eles no Ritz. Pago eu, porque não tenho dinheiro para os juros que eles cobram se lhes ficar a dever. </em><br />
<br />
Miguel Sousa Tavares C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-64746371559231742822012-08-09T07:18:00.001-07:002012-08-09T07:18:45.053-07:00Paulo Morais no canal Q<embed allowfullscreen="true" height="484" src="http://rd3.videos.sapo.pt/play?file=http://rd3.videos.sapo.pt/kzZH4Ua8qCjuDPNQkL9a/mov/1" type="application/x-shockwave-flash" width="580"></embed><br />
<br />
Vale mesmo a pena ouvir o que o senhor diz, clarito, sem espinhasC.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-38322251964376120962011-12-28T10:12:00.000-08:002011-12-28T10:17:25.677-08:00Portugal é assim<div style="text-align: justify;"><br /><br /></div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"> <span style="font-style: italic;">Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha</span><br /><span style="font-style: italic;"> e na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o</span><br /><span style="font-style: italic;"> mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para</span><br /><span style="font-style: italic;"> cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve</span><br /><span style="font-style: italic;"> incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um</span><br /><span style="font-style: italic;"> trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias</span><br /><span style="font-style: italic;"> espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela</span><br /><span style="font-style: italic;"> está espantada com o que vê:</span><br /><span style="font-style: italic;"> - É sempre assim, esta auto-estrada?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Assim, como?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Deserta, magnífica, sem trânsito?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - É, é sempre assim.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Todos os dias?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam</span><br /><span style="font-style: italic;"> que o desenvolvimento era isto.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - E têm mais auto-estradas destas?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto,</span><br /><span style="font-style: italic;"> vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não</span><br /><span style="font-style: italic;"> há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao</span><br /><span style="font-style: italic;"> Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na</span><br /><span style="font-style: italic;"> poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada</span><br /><span style="font-style: italic;"> nacional está cheia de camiões?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Porque assim não pagam portagem.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - E porque são quase todos espanhóis?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Vêm trazer-nos comida.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Mas vocês não têm agricultura?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que</span><br /><span style="font-style: italic;"> produzir não é rentável.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Mas para os espanhóis é?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Pelos vistos...</span><br /><span style="font-style: italic;"> Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Mas porque não investem antes no comboio?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Investimos, mas não resultou.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Não resultou, como?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha</span><br /><span style="font-style: italic;"> Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Mas porquê?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando</span><br /><span style="font-style: italic;"> 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há</span><br /><span style="font-style: italic;"> restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de</span><br /><span style="font-style: italic;"> 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por</span><br /><span style="font-style: italic;"> isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado</span><br /><span style="font-style: italic;"> perde centenas de milhões todos os anos.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - E gastaram nisso uma fortuna?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três</span><br /><span style="font-style: italic;"> horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Estás a brincar comigo!</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Não, estou a falar a sério!</span><br /><span style="font-style: italic;"> - E o que fizeram a esses incompetentes?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem</span><br /><span style="font-style: italic;"> o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas</span><br /><span style="font-style: italic;"> ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, **561 km**.</span><br /><span style="font-style: italic;"> Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me</span><br /><span style="font-style: italic;"> falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV</span><br /><span style="font-style: italic;"> deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof.</span><br /><span style="font-style: italic;"> Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia</span><br /><span style="font-style: italic;"> chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de</span><br /><span style="font-style: italic;"> Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro</span><br /><span style="font-style: italic;"> aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois</span><br /><span style="font-style: italic;"> volta para trás e entra em Lisboa?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Isso mesmo.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - E como entra em Lisboa?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Por uma nova ponte que vão fazer.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Uma ponte ferroviária?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos</span><br /><span style="font-style: italic;"> os dias para Lisboa.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Pois é.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - E, então?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.</span><br /><span style="font-style: italic;"> Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a</span><br /><span style="font-style: italic;"> fasciná-la.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a</span><br /><span style="font-style: italic;"> auto-estrada está deserta...</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Não, não vai ter.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Não vai? Então, vai ser uma ruína!</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os</span><br /><span style="font-style: italic;"> bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é</span><br /><span style="font-style: italic;"> que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto,</span><br /><span style="font-style: italic;"> nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o</span><br /><span style="font-style: italic;"> justificar.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!</span><br /><span style="font-style: italic;"> - E vocês não despedem o Governo?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com</span><br /><span style="font-style: italic;"> Espanha foi a oposição, quando era governo...</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV</span><br /><span style="font-style: italic;"> que já sabem que vai perder dinheiro?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm</span><br /><span style="font-style: italic;"> de ter?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.</span><br /><span style="font-style: italic;"> Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela</span><br /><span style="font-style: italic;"> pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:</span><br /><span style="font-style: italic;"> - E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns **50</span><br /><span style="font-style: italic;"> quilómetros** de Lisboa.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da</span><br /><span style="font-style: italic;"> cidade, e fazer um novo?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - É isso mesmo. Dizem que este está saturado.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Não me pareceu nada...</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar</span><br /><span style="font-style: italic;"> cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás,</span><br /><span style="font-style: italic;"> estão a liquidar a TAP.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as</span><br /><span style="font-style: italic;"> companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um</span><br /><span style="font-style: italic;"> pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um</span><br /><span style="font-style: italic;"> hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a</span><br /><span style="font-style: italic;"> Europa: um sucesso garantido.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - E tu acreditas nisso?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Eu acredito em tudo e não acredito **em nada. Olha** ali ao fundo: sabes</span><br /><span style="font-style: italic;"> o que é aquilo?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Um lago enorme! Extraordinário!</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Ena! Deve produzir energia para meio país!</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Praticamente zero.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!</span><br /><span style="font-style: italic;"> - A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber,</span><br /><span style="font-style: italic;"> serve para regar - ou nem isso?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o</span><br /><span style="font-style: italic;"> perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a</span><br /><span style="font-style: italic;"> agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há</span><br /><span style="font-style: italic;"> água a mais.</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para</span><br /><span style="font-style: italic;"> nada?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o</span><br /><span style="font-style: italic;"> que nós fazemos mais e melhor.</span><br /><span style="font-style: italic;"> Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se</span><br /><span style="font-style: italic;"> para me olhar bem de frente:</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo</span><br /><span style="font-style: italic;"> fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer</span><br /><span style="font-style: italic;"> todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e</span><br /><span style="font-style: italic;"> enlouqueceremos de vez.</span><br /><span style="font-style: italic;"> Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento.</span><br /><span style="font-style: italic;"> E suspirou:</span><br /><span style="font-style: italic;"> - Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar</span><br /><span style="font-style: italic;"> como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!</span><br /></div><span style="font-style: italic;"> </span><br /></div> Miguel Sousa Tavares<br /><br />E não passaram nos hospitais megalómanos, que existem em paralelo com urgências caóticas, cuidados primários que não existem e etc por aí foraC.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-71817910082364598362011-05-27T10:44:00.000-07:002011-05-27T10:46:47.125-07:00<div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiec1Kz7Tb_DcYqAYtEtXa79LKceoCcMt51nHQEXHFD8YmLtB3U3yns-5EQPUGbXZSLqs3ZU_bpsHIIjlwveddOWdXsbAZjO-S8yPicKe96STMh_2jlTIFXxT_aEr46e3ImRVxbYhOpVbbc/s1600/Imagem+355.jpg"><img style="float: right; margin: 0pt 0pt 10px 10px; cursor: pointer; width: 214px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiec1Kz7Tb_DcYqAYtEtXa79LKceoCcMt51nHQEXHFD8YmLtB3U3yns-5EQPUGbXZSLqs3ZU_bpsHIIjlwveddOWdXsbAZjO-S8yPicKe96STMh_2jlTIFXxT_aEr46e3ImRVxbYhOpVbbc/s320/Imagem+355.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611453421463059554" border="0" /></a></div>C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-79046723752025803652011-02-10T09:28:00.000-08:002011-02-10T15:24:24.495-08:00E mais reformas...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz80Fw9v_EaivWNu-zVyi_xPrtP6OKUituQ27mm-nn91W5Kcf74NP8NRQPUcbEdpJrE37WIBDKalbEhhhzph_wywn8HIIY0eq_IBDxg_uh365qeHsZA88Pv-jJlvlgEduqg8sOc4wPYFoO/s1600/IMG_4222.JPG"><img style="float: right; margin: 0pt 0pt 10px 10px; cursor: pointer; width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz80Fw9v_EaivWNu-zVyi_xPrtP6OKUituQ27mm-nn91W5Kcf74NP8NRQPUcbEdpJrE37WIBDKalbEhhhzph_wywn8HIIY0eq_IBDxg_uh365qeHsZA88Pv-jJlvlgEduqg8sOc4wPYFoO/s320/IMG_4222.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5572148875029242322" border="0" /></a><br />Há muito tempo que não vinha aqui.<br /><br />Os dias passam a galope, sem deixar tempo para uns pensamentos mais calmos, com pelo menos tempo para os organizar por temas de forma a não soar insano...<br /><br />Pois claro que continuo a trabalhar numa instituição de saúde, e sou cada vez mais o técnico de saúde <span style="font-style: italic;">"à beira de um ataque de nervos</span>" que deu inicio a este blogue.<br /><br />Nos últimos tempos (anos?) temos vindo a assistir à degradação progressiva dos serviços públicos de saúde, mais ainda, acho que todos temos noção de que existe uma queda cada vez mais evidente na qualidade dos cuidados prestados e, dos que os prestam.<br /><br />Agora temos a nova debandada de reformas, que nos vão "roubar" os elementos que estão nas melhores condições de passar o conhecimento, os "mais velhos", estamos a falar de pessoas entre os 55 e os 65 anos.<br />Nalgumas culturas não muito longínquas, "O mais velho" é respeitado pela sua sabedoria, porque na maior parte das vezes os mais velhos acertam, parece que têm magia, adivinham, daí tornarem-se<span style="font-style: italic;"> "</span>Os mais sábios<span style="font-style: italic;">"</span>, aqueles que gostamos de ouvir a opinião, alguns já sem o conhecimento tecnológico da geração mais jovem, mas com a sabedoria de quem já observou situações similares muitas vezes.<br /><br />O tempo ensina.<br /><br />Todos nós conhecemos a diferença entre o aprendido no livro e o saber da experiência feito, que se alapa à nossa memória porque tem associações visuais, auditivas, olfactivas, sensitivas e emocionais que a tornam inesquecível.<br /><br />A experiência ensina.<br /><br />Então como é possível não perceber a <span style="font-style: italic;">valiosidade</span> dos nossos "mais velhos"?<br /><br />Em medicina esta "passagem de testemunhos", principalmente dos erros cometidos, é de extrema importância, são conhecimentos que nos são transmitidos com "sentidos".<br /><br />Asneiras que não vamos fazer, exemplos a copiar na resolução de problemas, possibilidades de sermos críticos...enfim uma montanha de coisas que, quem como eu teve a sorte de ter alguns Muito Bons colegas "Mais velhos", com quem acho que posso dizer que aprendi quase tudo, e com quem sei ter aprendido coisas muito importantes como o assumir da ignorância (o que ajuda a não dizer muitas asneiras), ser humilde, pensar nos doentes como pessoas, e outras coisas, mais práticas como: se não gostas muito de estudar arranja uma companhia de trabalho estudiosa, se preferes estudar arranja um colega trabalhador, é tudo uma questão de gestão de recursos humanos e bom senso, não somos todos iguais e a vantagem está na diversidade.<br /><br /><br />Bem, esta conversa toda para dizer que me angustia a falta de capacidade dos nossos governantes para perceberem a gravidade de deixarem fugir a <span style="font-style: italic;">camada formativa</span> dos nossos hospitais...já há alguns anos que vamos assistindo a esta corrida à reforma, que junta a questão económica à desilusão.<br /><br />É só um desabafo...caros colegas, já tenho e vou ter, saudades vossas!C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-15984658155864574352009-09-07T05:48:00.000-07:002009-09-07T05:53:12.345-07:00O poema pouco original do medo<span><b>E por inspiração num blogue aqui perto, lembrei-me deste poema...<br /><br />O poema</b><br /><br />pouco original do medo<br />O medo vai<br />ter tudo <br />pernas<br />ambulâncias<br />e o luxo blindado<br />de alguns automóveis <br />Vai ter olhos onde ninguém o veja<br />mãozinhas cautelosas<br />enredos quase inocentes<br />ouvidos não só nas paredes<br />mas também no chão<br />no teto <br />no murmúrio dos esgotos<br />e talvez até (cautela!)<br />ouvidos nos teus ouvidos<br />O medo vai<br />ter tudo<br />fantasmas na ópera<br />sessões contínuas de espiritismo<br />milagres<br />cortejos<br />frases corajosas<br />meninas exemplares<br />seguras casas de penhor<br />maliciosas casas de passe <br />conferências várias<br />congressos muitos<br />ótimos empregos<br />poemas originais<br />e poemas como este<br />projetos altamente porcos<br />heróis<br />(o medo vai ter heróis!)<br />costureiras reais e irreais<br />operários<br />(assim assim)<br />escriturários<br />(muitos) intelectuais<br />(o que se sabe)<br />a tua voz talvez<br />talvez a minha<br />com a certeza a deles<br />Vai ter capitais <br />países<br />suspeitas como toda a gente<br />muitíssimos amigos<br />beijos <br />namorados esverdeados<br />amantes silenciosos<br />ardentes<br />e angustiados <br />Ah o medo<br />vai ter tudo<br />tudo<br />(Penso no que o medo vai ter<br />e tenho medo<br />que é justamente<br />o que o medo quer)<br />O medo vai<br />ter tudo<br />quase tudo<br />e cada um por seu caminho<br />havemos todos de chegar <br />quase todos<br />a ratos<br />Sim<br />a ratos<br /><br />Alexandre O'Neill<br /><br /></span>C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-74328893560683356102009-05-08T04:23:00.000-07:002009-05-09T10:36:52.502-07:00Gripe porcina<div align="justify"><strong></strong></div>Recebi alguns artigos, não foi só este, mas dizem todos básicamente o mesmo.<br /><br /><div align="justify"><strong>Influenza: los nombres de los muertos<br />Jaime Avilés<br /></strong><br /><em>"Ante todo, el brote de influenza que ha cambiado la vida (y la muerte) del país, es una denuncia mundial del saqueo y la devastación que millones de mexicanos hemos sufrido despiadada y sistemáticamente a lo largo de los recientes 27 años y que hoy nos ha convertido en un foco de infección para la humanidad. Era lógico que ocurriera esto. No podía tener sino consecuencias catastróficas el ejercicio de una política irresponsable que empobreció a 100 millones de personas, día tras día, hasta no dejarle a las grandes mayorías hambrientas otra salida que la emigración o el narcotráfico.<br />Durante el sexenio de Vicente Fox, México recibió las más abundantes ganancias de su historia por la venta de petróleo en el exterior, pero no quedó absolutamente nada de eso: el grueso del dinero fue utilizado para devolver a los más ricos de los ricos los impuestos que habían pagado; el resto, la propina, está en las trancas y el estiércol de un rancho en Guanajuato, en las empresas de los hijos de Marta Sahagún y en las cuentas bancarias de los hombres y mujeres del régimen.<br />En cambio, aquí, no existe un solo laboratorio, ni siquiera en la UNAM, capaz de detectar la mutación de un virus como el de la influenza porcina, que tras el exterminio de cerdos ordenado por el fanatismo del gobierno de Egipto, ahora se llama A/H1N1, para que nadie culpe a nadie. Como bien lo han documentado Enrique Galván Ochoa y Luis Linares Zapata en las páginas de este diario a lo largo de esta semana insólita, en México existía una empresa paraestatal denominada Birmex (Laboratorios de Biológicos y Reactivos de México), que según su portal electrónico surtía las vacunas, sueros, inmunoglobulinas y reactivos de diagnóstico que requieren los organismos públicos descentralizados de salud de los estados que integran la República Mexicana, y que en los hechos fue desmantelada por Fox.<br />Antes de éste, Zedillo acabó con el Instituto Nacional de Higiene y con el Instituto Nacional de Virología, que se dedicaban a la investigación científica de las cepas virales y al diseño de vacunas para combatirlas. Hoy no tenemos nada de eso. Los primeros casos de influenza en la ciudad de México no fueron detectados, entre otras cosas, porque la Secretaría de Salud no contaba con herramientas para identificarlos. Y no fue sino hasta días después cuando la multiplicación de los contagios y los primeros decesos movieron al médico del régimen –el siempre limitado y titubeante José Ángel Córdova Villalobos– a enviar muestras clínicas a laboratorios de Canadá, para que desde allá nos hicieran el favor de avisar qué era lo que estaba provocando esta gripe desconocida.<br />El planeta entero está asombrado porque, 10 días después del terrorista mensaje de Córdova Villalobos el jueves de la semana pasada a las 11 de la noche, el gobierno (o lo que sea) de Felipe Calderón todavía no ha revelado cómo se llamaba ni siquiera una de las víctimas fatales del virus de la gripe mexicana, como tarde o temprano esta plaga será recordada por la historia. Después de un accidente aéreo, de un camionazo, de un terremoto, de una inundación, de un incendio, las autoridades suelen dar a conocer los nombres de los muertos. Pero en esta ocasión no lo han hecho y nadie sabe explicarse por qué.<br />No hace falta ser muy suspicaz para entender que si Calderón y su doctor se niegan a entregar esta lista de difuntos es porque ocultan datos claves que echarían por tierra su manejo del fenómeno mediante el pánico social. Por ello es fundamental que sepamos: <strong>cómo se llamaban los muertos, qué edad tenían, dónde vivían, cuál era su condición socioeconómica, a qué se dedicaban. En otras palabras, ¿en su casa contaban con agua corriente, excusado, regadera, piso de cemento y electricidad? ¿De cuántos miembros constaba la familia, cuántos dormían en un mismo cuarto, cada cuánto se bañaban? ¿Eran obesos, estaban desnutridos, cuántas veces comían al día, cuáles eras sus hábitos alimenticios? Al transitar por su barrio o pueblo, ¿pasaban cerca de criaderos de puercos, flotaba en el ambiente de su vida cotidiana excremento de aves o cerdos, trabajaban en contacto con vísceras de animales?<br /></strong>Una sospecha muy extendida en la sociedad mexicana –y que tarde o temprano se esclarecerá– es que los muertos de este brote epidémico pertenecen a las capas más desprotegidas de la población, es decir, que estamos ante una nueva enfermedad de la miseria, y como en México hay más de 50 millones de personas en situación de pobreza extrema, las medidas que se han aplicado hasta ahora –cierre total de escuelas, de restaurantes y bares, de oficinas públicas, de cines y teatros, de gimnasios y albercas, etcétera–, lo que en realidad pretenden es aislar a los más pobres de los que no lo somos tanto y, por supuesto, de los ricos.<br />En un acto más de autoritarismo, Calderón ha instaurado por sus pistolas el secreto funerario, violando el derecho a la información no sólo de los mexicanos sino de toda la humanidad. Mientras oculte datos elementales como los nombres de los muertos, el aparato del terror electrónico podrá seguir manipulándonos a sus anchas. ¿No será la hora de solicitar a nuestros amigos en todas partes una ola de solidaridad internacional en contra de esta forma de la censura? Exijamos la autopsia de esa franja de la sociedad mexicana que murió a consecuencia de esta gripe. ¿Tendremos que hacer plantones en el Zócalo, huelgas de hambre, bloqueos de carreteras o qué para que nos digan al fin cómo se llamaban los muertos?<br />En el continente americano, México es uno de los países más grandes y ricos en recursos naturales, pero una peste más voraz, destructiva y mortífera que la influenza de los puercos –la de los políticos neoliberales del PRI y del PAN, la plaga de los Salinas y los Zedillo, de los De la Madrid y los Fox, al servicio de un puñado insaciable de millonarios–, nos ha convertido en un país más débil, indefenso y hambriento que Haití, que apenas ocupa la mitad de una isla en el Caribe, o que la pobre Honduras, bananera sin bananas. ¿Por qué lo hemos permitido, por qué hemos tolerado que nos hicieran caer tan bajo? ¿Acaso nos equivocamos cuando salimos a las calles con banderas blancas a frenar la rebelión de los indios de Chiapas?<br />¿Por qué se alivian los que viven en mejores condiciones sanitarias? ¿Por qué han desatado la sicosis de que A/H1NI prefiere a los jóvenes entre 20 y 45? ¿Por qué nos hemos dejado convencer de ello si tampoco sabemos las edades de los muertos? Después de la campaña López Obrador es un peligro para México, después del fraude haiga sido como haiga sido, después de la violación de todas sus promesas empezando por la del empleo, después de la artificiosa guerra contra el narco para militarizar el país y tratar de afianzarse en el poder, a costa de la seguridad nacional junto con la de Estados Unidos, los mexicanos tenemos la claridad y la madurez necesarias para saber que Calderón es capaz de cualquier cosa: si un día se vistió de sargento para lanzar a las fuerzas armadas a una aventura trágica, ahora se pone la bata blanca de doctor para mantenernos en arresto domiciliario, sudando de pánico.<br />A raíz de esta gripe, dos nuevos objetivos aparecen en nuestra agenda ciudadana: exigir con todos los recursos a nuestro alcance que el gobierno (o lo que sea) entregue los nombres de los muertos, y movilizarnos por un cambio radical en materia de inversión para la investigación científica. Así como obligamos al espurio a construir una nueva refinería, ahora debemos luchar por nuevos laboratorios, y por la conservación de la filosofía, de la ética y de la estética entre las materias del bachillerato. ¡Basta, basta ya de una vez por todas, no soportemos un día más la tiranía de la ignorancia panista! "<br /></div></em>C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-52017818925454804662009-04-17T11:41:00.000-07:002009-04-18T07:06:47.042-07:00Depois de uma noite infernal<p>O técnico de saúde "à beira de um ataque de nervos" que vive dentro de mim, está cansado, não lhe apetece queixar-se mais, nem reclamar contra os relógios de ponto digitais, ou quaisquer outras medidas acéfalas que surgem de cérebros seguramente mais esclarecidos do que o meu!<br /><br /></p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj704reY4tKDPOPu-PKcWXPwEPlOohV6GMRggOpMBjlG8V4L2Jys-CyADzofUnEoPXdEqaOMuyunhylViSY-eOZMCb34Zb-c-atV6FgarDatBFwCAWGUmBWETMlb7lTcPO5OCH3iYdhbxxj/s1600-h/20090318_2701.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5326023162222275586" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 214px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj704reY4tKDPOPu-PKcWXPwEPlOohV6GMRggOpMBjlG8V4L2Jys-CyADzofUnEoPXdEqaOMuyunhylViSY-eOZMCb34Zb-c-atV6FgarDatBFwCAWGUmBWETMlb7lTcPO5OCH3iYdhbxxj/s320/20090318_2701.JPG" border="0" /></a><br /><br /><br /><div>Morrer é uma inevitabilidade, acho que por já ter pensado alguma coisa no assunto, a finitude está interiorizada.</div><div>Isto teve um principio, terá que ter um fim!</div><div>Mas ainda não me sinto em paz com esta ideia, porquê?<br /></div><div>Talvez porque ainda há coisas que quero fazer, pessoas com quem quero estar, sentimentos que quero ter!<br /><br />Pois é isso mesmo, parafraseando alguém, a morte é inevitável mas quando chegar que encontre apenas os restos do que eu deixar para ela levar.<br /></div><div>Viver é complicado, buscamos a perfeição, acomodamos a frustração, trabalhamos afincadamente e, no meio da confusão, é fácil esquecermos coisas essenciais como simplesmente olhar, cheirar, sentir o prazer de aquecer depois de ter muito frio...<br /></div><div>E com este pensamento lembrei-me de um casal que resolveu mudar de vida.<br /></div><div>Como primeira medida mudaram para o campo, depois, mudaram o apelido e apelidaram-se de Sossegadinho.<br /></div><div>E como bons sossegadinhos, observam, olham, ouvem, sentem, criam, e tudo isto com muito tempo...</div><br /><div>Lá veio de novo e inveja (da boa, como me ensinou a M&M), a gula (sem pecado), por que diabo trabalho desta forma maluca, que me faz perder a parte da vida de que realmente gosto?<br /></div><div>Não sei, não aprendi a fazer diferente. Mas...e quando for grande?</div><div>Quado for grande quero ser uma sossegadinha, algures, com tempo para simplesmente ser, sem ter que parecer, gostar (ou desgostar), sem ter que justificar.</div><div> </div><div> </div><div> </div>C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-5670735730328573562008-11-25T10:56:00.000-08:002009-04-16T14:53:35.657-07:00Viagens<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjO4Z8qmnfH27Tjup3YWd2nMuuVbNoWQd_1zn02EITTinT8JpyX-PiI_kYp29t_mdRtkup_MvbyvpS_wWpiw7QyLkhLI5Jr3cKjbCfWnmv1B6mdc1N0P3AzjcPB79duUcvwGKSsIYCif1bV/s1600-h/Imagem+670.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5325047698715991970" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 214px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjO4Z8qmnfH27Tjup3YWd2nMuuVbNoWQd_1zn02EITTinT8JpyX-PiI_kYp29t_mdRtkup_MvbyvpS_wWpiw7QyLkhLI5Jr3cKjbCfWnmv1B6mdc1N0P3AzjcPB79duUcvwGKSsIYCif1bV/s320/Imagem+670.jpg" border="0" /></a><br /><div><div><div><div><div><div><div>Abandonei este espaço há uns tempos. </div><div>As desculpas do costume, muito trabalho, pouco tempo...mas incentivada pela M&M (a garina que vive cá em casa) resolvi regressar e contar um bocadinho da viagem que fiz há uns tempos. </div><br /><div>Quénia, Tanzãnia e Zanzibar<br /></div><div>As cores, os horizontes, os bichos e o céu são de uma beleza diferente e dificil de descrever, a sensação é de grandeza, de infinitude...<br /></div><div>Os locais, sujos, confusos e coloridos são habitados por pessoas pobres, coloridas e para quem o tempo parece não contar.<br /></div><br /><br /><div></div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5274895286784270322" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 214px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4Zj6eyTXq9wjT1-VKv1y_Y7uTd7QUdgtcvZqsCykcUJxX0CGkcSbPIScL2XLN1yMvyRQrRETq6B6xhistT95JsfJWowHJnMvoQjZmg0Bz0aabNH46DWx5lq1bY-6En3tmyGYJcUU3bFKm/s320/Imagem+412.jpg" border="0" /><br />Ora senão apreciem os empregados de uma bomba de gasolina.<br /><br /><div>A imagem das pessoas, sentadas, simplesmente a olhar, é frequente.<br />Faz-me pensar que neste caminho para o primeiro mundo, vamos perdendo esta capacidade de simplesmente, estar, ser, na essência.<br /><br /></div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5311273885504457954" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 214px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiu4gcitGeao3muawoMDner2nZogy7BV1lSnSquMqrLSe-R4TqMkh0_YHuoiuO5b05mB3EZapBvU139JmnOe8BcRDRHnztcZPTzoIOwOU4r0WnPOz5lIkM1Djl3kl6PRu4jcxJveN64AF1D/s320/Imagem+340.jpg" border="0" /><br /><br /><div>Acho que nunca na vida tinha visto tantos miúdos! </div><br /><div>(uma raça em vias de extinção neste nosso primeiro mundo)</div><br /><div>Há crianças em todo o lado, com olhos vivos, brilhantes.<br /></div><div>Pastores pequeninos com rebanhos enormes, crianças que brincam na berma da estrada, crianças de farda escolar...<br /><br /></div><div></div><br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5311307395497268034" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 214px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNkLBp_CPWtz0TCZYCXph0iSY4M1IbG5Ynk6_XcCnfFYHDIDrnZ7ZEDYnSfIz10sldjUxOkBzPHAvIuh-cs_o6XLpvA_JpKTEG5jMWAia6Iwcyh8CoxArjnCksOHPeRBGyMuWqw3s9h4rW/s320/Imagem+015.jpg" border="0" /><br /><br /><br /><br /><div>Nós, os turistas, somos assediados para comprar, para negociar, essa parte eu dispensava.</div><br /><div>Confesso que compraria mais coisas e de melhor vontade sem este assédio, que me faz sentir um bocadinho "assaltada".<br />Achei os lodges, giros e bem integrados na paisagem, sim, pasmem, lá por aquelas bandas parece que há pessoal que pensa nesses assuntos.</div><br /><div>Não vi nenhum mamarracho a violar a paisagem descaradamente.<br /></div><div>Nas cidades é o caos.</div><div>Acho que não se pode discutir muito a arquitetura do caos e das barracas, mas nos parques/reservas, a construção tem alguma preocupação de integração. </div><br /><div>Os guias são simpáticos, não são entediantes, mas a força das circunstâncias faz com que nos forcem a estadia em determinados locais para "usarmos a casa de banho" que é a forma swahili de dizer "comprar umas cenas a estes meus amigos", mas...olhando para a forma como a população vive, é fácil de perceber.<br /></div><div>Mas também nos mostram o mapa e nos explicam o que significa dividir países, no mapa, com régua e esquadro!</div><br /><div></div><div>a continuar,</div><br /><div><div><br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5311307403263549426" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 214px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAmLDxUSQkEzq4aIACJlIFsSYgJ7Mclm7_W1WdmC-BBCG6dbtU_0hFneeFToA6e6CFs6Jheh1oDjP2dv9QAJtaoArezFwpqObwXINsCOxQjxrSnv1B0XJF8hslNHhmNP6Uk77RD65D4n-o/s320/Imagem+352.jpg" border="0" /><br /></div><div></div></div></div></div></div></div></div></div>C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-59343805681841261442008-03-20T16:06:00.000-07:002008-03-20T16:15:04.859-07:00Somos um país de novos ricosO clima nacional é no mínimo, confuso.<br />Não cumprimos os requisitos necessários para sair do terceiro mundo mas comportamo-nos como se fizessemos parte de uma elite, acima de qualquer primeiro mundo (seja lá o que isso for).<br />É engraçado (ou não) analisar, por exemplo, a frota automobilistica dos nossos governantes (e temos bué governantes!) depois entrar no local onde trabalho e constatar que:<br />se despedem secretárias, porque não há dinheiro,<br />não há obras, porque não há dinheiro,<br />há cada vez menos médicos, menos pessoal de enfermagem e auxiliar, porque não há dinheiro.<br />Em contrapartida, temos uma frota cada vez maior de:<br />consultores (= espécie que trabalha pouco mas é bem paga porque são muito inteligentes e sabem coisas que nós nunca iríamos descobrir se eles não existissem),<br />computadores (que nascem como cogumelos nos hospitais)<br />informática do mais elevado nível (dizem),<br />relógios de ponto digitais às centenas (pronto tá bem, não falo mais nestes),<br />e a lista do que orgulhosa e ricamente temos pode seguir por aí fora, em paralelo com a lista do que não temos porque...não há dinheiro.<br />Mas este "novo riquismo" não é um problema hospitalar, é um problema nacional.<br />A minha filha anda numa escola pública no centro da cidade, eu não sou uma presença muito assídua na escola, mas depois de algumas descrições (que tenho que confessar desvalorizei um pouco), achei que devia ver.<br />E o que vi?<br />Salas enfeitadas com coloridos balditos para aparar a água, feltros nas carteiras e corredores para ensopar a água, casas de banho que por decoro não vou descrever, um edificio em lastimoso estado de conservação, os vidros rachados, os laboratórios são...hum, muuuiiitttooo antigos?<br />Na reunião que se seguiu à minha excursão, ouvi a explicação dada pelos professores para o facto: que não há dinheiro no Ministério da Educação para "socorrer"estas coisas.<br />Ora o que também é um exercicio interessante é entrar nos ministérios e instituições paralelas e ver que catitas são as salas, as cadeiras, os ares condicionados e vidros duplos, enfim instalações dignas de um país de abundância e prosperidade!<br />Atão??? Afinal somos pobres e temos que aceitar as condições deficitárias ou somos ricos e dá para tudo?<br />Não entendo bem mas, especialistas no assunto já me tentaram explicar que isto tem que ver com a Imagem (=nomenclatura moderna para parecer qualquer coisa)<br />É muito importante para o bem estar nacional que este tipo de instituições (ministérios, institutos e afins) tenham instalações decentes e bem cuidadas para "quando vem alguém de fora" ... os governantes e gestores tenham carritos jeitosos, para quando transportam os "estrangeiros"...<br />Eu não sou especialista na matéria mas esta coisa da Imagem parece-me estar intimamente relacionada com o tal de "novo riquismo" nacional, o que importa é parecer!<br />Lendo coisas antigas como alguns textos do Eça, dá para perceber que este "novo riquismo" tão português, já é antigo e tem raizes muito profundas, mas será que não pode mudar nunca?<br />Como é bom de perceber, hoje o dia não correu bem.<br />A falta de recursos associada à inépcia e ausência de senso de quem manda, quase me enlouqueceram.C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-36955836917317125842008-02-21T13:47:00.000-08:002008-02-21T14:29:38.442-08:00InvejaSenti nos últimos dois dias uma inveja gigante.<br />Ao ler um livro que mais adiante vos direi o nome, os meus pensamentos foram invejosos, dava tudo para ter sido eu a escrever aquilo!<br /><br />Numa linguagem fácil, com uma clarividência invejável, Amos Oz fala-nos de fanatismo, de compromissos e do conflito Israelo-Árabe de uma forma notável, pela sua simplicidade mas acima de tudo pela sua clarividência e profundo conhecimento da Condição Humana.<br /><br />Sendo eu uma criatura de consensos, acreditando na racionalidade como forma de resolução de problemas, e apaixonada pelo humor e pela imaginação, fiquei muito satisfeita com a comunhão de ideias que senti ao ler este senhor.<br /><br />Falando de fanatismo, e só para aguçar a curiosidade:<br /><br />"<em>A essência do fanatismo reside no desejo de obrigar os outros a mudar. Nessa tendência tão comum de melhorar o vizinho, corrigir a esposa, de fazer o filho engenheiro ou endireitar o irmão, em vez de deixá-los ser. O fanático é uma das mais generosas criaturas. O fanático é um grande altruísta. Está mais interessado nos outros do que em si próprio. Quer salvar a nossa alma, redimir-nos. Livrar-nos do pecado, do erro, do tabaco, da nossa fé ou da nossa carência de fé."</em><br /><br />Não vou transcrever as três conferências que estão compiladas num livrito pequenino que se chama "contra o fanatismo", mas leiam que vale a pena.<br /><br />Espero gostem e comentem.C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-43291080286067495142008-01-11T13:48:00.000-08:002008-12-08T16:11:58.936-08:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpA5R6Z0Xn2JD5cZvfQVEkRK-ibWXXqoFLC3Y0_-hTy5zGUKm2etTbQqi35_gAXQrQ1LwIm0sQZGkuwtkRFhde9f8R6XFBdKkILxE3ir3A5hso2ck-7ppl6et2cqzuPvc4Nt_diu6Bjh2C/s1600-h/91183242.3Ln7BRcd[1].jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5154367945903491330" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpA5R6Z0Xn2JD5cZvfQVEkRK-ibWXXqoFLC3Y0_-hTy5zGUKm2etTbQqi35_gAXQrQ1LwIm0sQZGkuwtkRFhde9f8R6XFBdKkILxE3ir3A5hso2ck-7ppl6et2cqzuPvc4Nt_diu6Bjh2C/s320/91183242.3Ln7BRcd%5B1%5D.jpg" border="0" /></a><br /><div><div></div><div></div><div></div><div></div><div>E cá estou eu novamente.<br /></div></div><div>Foi numa terrinha pequena plantada á beira do rio Guadiana, chamada Alcoutim, que passei o fim de ano.<br /></div><div>Alcoutim é uma terra pacata, que tem aparentemente um único cidadão interessado no seu progresso turístico, o Sr. Luis, um grande bem haja para ele, que nos alimentou a todos durante a nossa estadia, apesar de ser<em> fim de ano! </em></div><div>Pelo que pudemos perceber em Alcoutim não é suposto trabalhar-se no <em>fim de ano.</em></div><div><em></em> </div><div>Ninguém não, trabalha o Sr Luis e os seus colaboradores.</div><div><br /></div><div>Isto pensava eu até hoje, dia em que descobri que o Sr Luis não era o único trabalhador afincado nesta época!</div><div> </div><div>Recebi uma carta da GNR de Alcoutim, ainda tive esperança que fosse apenas um cartão de Boas Festas, mas não, era mesmo uma multita!</div><div><br /></div><div>Não, não foi excesso de velocidade, nem sequer foi um excesso.</div><div><br /></div><div>Aparentemente a zelosa GNR de Alcoutim encontrou o meu carro (o único da rua) num estacionamento de táxis!<br /></div><div>Aprendi assim que:</div><div>1. GNR de Alcoutim trabalha, mesmo no <em>fim de ano</em>, </div><div>2. Alcoutim tem estacionamento para táxis</div><div> </div><div>Resta saber se Alcoutim tem táxis!</div><div>Durante a nossa curta e ruidosa estadia acho que não vimos nenhum, mas...se os táxis são <strong>mesmo</strong> de Alcoutim, também não trabalham no fim de ano e assim sendo é mais que natural que os não tenha visto. </div><br /><div> </div><div>Mas mesmo com multa e tudo, valeu a pena.<br /></div><div> </div><div><br /></div><div><br /><br /><br /></div><div><br /></div><div><a class="thumbnail" href="http://www.pbase.com/passagem_de_ano/image/91182353"></a>. <a class="thumbnail" href="http://www.pbase.com/passagem_de_ano/image/91182353"></a><a class="thumbnail" href="http://www.pbase.com/passagem_de_ano/image/91182353"></a></div>C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-69035406479850377682007-12-24T10:51:00.000-08:002007-12-27T15:23:47.270-08:00Poemas para recordarA Senhora de Brabante<br /><br />Tem um leque de plumas gloriosas,<br />na sua mão macia e cintilante,<br /> de anéis de pedras finas preciosas<br />a Senhora Duquesa de Brabante.<br /><br />Numa cadeira d'espaldar dourado,<br /> escuta os galanteios dos barões.<br />- É noite: e, sob o azul morno e calado,<br />concebem os jasmins e os corações.<br /><br />Recorda o senhor Bispo acções passadas.<br />Falam damas de jóias e cetins.<br />Tratam barões de festas e caçadas<br />à moda goda: - aos toques dos clarins.<br /><br /> Mas a Duquesa é triste.<br />- Oculta mágoa vela seu rosto de um solene véu.<br /> - Ao luar, sobre os tanques chora a água...<br />– Cantando, os rouxinóis lembram o céu...<br /><br />Dizem as lendas que Satã<br />vestido de uma armadura feita de um brilhante,<br />ousou falar do seu amor florido<br /> à Senhora Duquesa de Brabante.<br /><br />Dizem que o ouviram ao luar nas águas,<br /> mais louro do que o sol,<br /> marmóreo e lindo, tirar de uma viola estranhas mágoas,<br />pelas noites que os cravos vêem abrindo...<br /><br />Dizem mais que na seda das varetas<br /> do seu ducal de mil matizes...<br />Satã cantara as suas tranças pretas,<br />– e os seus olhos mais fundos que as raízes!<br /><br /> Mas a Duquesa é triste.<br />- Oculta mágoa vela seu rosto de um solene véu.<br />- Ao luar, sobre os tanques chora a água...<br />– Cantando, os rouxinóis lembram o céu...<br /><br />O que é certo é que a pálida Senhora,<br /> a transcendente Dama de Brabante,<br />tem um filho horroroso...<br />e de quem cora o pai, no escuro, passeando errante.<br /><br />É um filho horroroso e jamais visto!<br />- Raquítico, enfezado, excepcional,<br /> todo disforme, excêntrico, malquisto,<br />– pêlos de fera, e uivos de animal!<br /><br />Parece irmão dos cerdos ou dos ursos,<br />aborto e horror da brava Natureza...<br />– Em vão tentam barões, com mil discursos,<br />desenrugar a fronte da Duquesa.<br /><br />Sempre a Duquesa é triste.<br />- Oculta mágoa vela seu rosto de um solene véu.<br />- Ao luar, sobre os tanques chora a água...<br />– Cantando, os rouxinóis lembram o céu...<br /><br /> Ora o monstro morreu.<br />- Pelas arcadas do palácio retinem festas, hinos.<br />Riem nobres, vilões, pelas estradas.<br />O próprio pai se ri, ouvindo os sinos...<br /><br />Riem-se os monges pelo claustro antigo.<br />Riem vilões, trigueiros das charruas.<br />Riem-se os padres, junto ao seu jazigo.<br />Riem-se nobres e peões nas ruas.<br /><br />Riem aias, barões, erguendo os braços.<br />Riem, nos pátios, os truões também.<br />Passeia o duque, rindo, nos terraços.<br /> - Só chora o monstro, em alto choro, a mãe!..<br /><br />Só, sobre o esquife do disforme morto,<br />chora, sem trégua, a mísera mulher.<br />Chama os nomes mais ternos ao aborto...<br /> – Mesmo assim feio, a triste mãe o quer!<br /><br />Só ela chora pelo morto!..<br />A mágoa lhe arranca gritos que a ninguém mais deu!<br /> - Ao luar, sobre os tanques chora a água...<br />– Cantando, os rouxinóis lembram o céu...<br /><br />Gomes Leal<a title="Eliminar comentário" style="BORDER-TOP-STYLE: none; BORDER-RIGHT-STYLE: none; BORDER-LEFT-STYLE: none; BORDER-BOTTOM-STYLE: none" href="http://www.blogger.com/delete-comment.g?blogID=35567166&postID=375389228976275801"> </a>C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-89133124804250944332007-12-20T12:21:00.003-08:002007-12-20T12:25:02.641-08:00o "Ar" com que se falaO "ar com que se fala" é tão importante como o que se diz!<br /><br />Disseram-me um dia perante a minha incapacidade de disfarçar a insegurança.<br /><br />Achei estranho, <em>querem lá ver que o que importa é "o ar"? granda merda, como é que vou arranjar um "ar"? Lá estudar...eu ainda sei como é que se faz, agora arranjar um "ar</em>"...<br />Os anos passaram, lá fui disfarçando a insegurança como pude, e não voltei a pensar neste assunto.<br /><br />Alguns anos depois voltei a ser novamente confrontada com essa coisa do "ar".<br />Estando a "não ouvir" um colega falar sobre um assunto (os conhecimentos do orador na matéria em questão eram óbviamente parcos) , segredam-me ao ouvido "<em>Sabes que este gajo é que vai fazer os acordos com as empresas que fornecem isto, a nível nacional?" " Porra mas o gajo não percebe nada disto!"</em> respondo eu com o meu "ar" indignado.<br />Ao que o interlocutor, mais atento e experiente me responde: "<em>Eh pá parece que és parva, claro que o tipo está bem relacionado mas já reparaste bem no ar com que fala?"</em><br /><br />Comecei a olhar mais atentamente a criatura, era verdade, disparava frases sem interesse com um discurso de tipo doutoral, de cátedra.<br />Sem vergonha, sem pudor, sem ciência, apenas com um fantástico e inimitável "ar".<br /><br />Agora, mais atenta que tenho andado a este fenómeno, posso afiançar, é mesmo verdade!<br />O que importa, na maioria das vezes, é o que parece.<br />Ninguém se pode dar ao luxo de simplesmente...ser.<br /><br />Claro que os "bons relacionamentos" têm também um papel muito importante!<br />Penso que merecem mesmo um post dedicado especificamente a essa instituição nacional que é a "cunha".<br />Fica para a próxima.C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-34382565528376752972007-12-13T15:41:00.000-08:002007-12-13T16:22:33.985-08:00Sair da clandestinidadePois bem, esta coisa de construir um blogue e depois não o dar a conhecer a ninguém é um nadinha disparatado, por isso, hoje resolvi deixar de ser "anónimo" no meu blogue favorito e assumir o estatuto de "aspirante a blogueira"!<br /><br />Como é bom de ver este tem sido um blogue verdadeiramente autista, mas o tempo é pouco...<br />Bom, o que interessa é que saí da clandestinidade, agora quem quiser pode vir aqui de vez em quando ler os disparates que vou escrevendo...se não tiver mesmo nada melhor para fazer.<br /><br />Mas hoje só vim aqui para fazer "propaganda" a um espaço que abriu na antiga fábrica de Braço de Prata e que se chama "Ler devagar", é uma continuação da livraria com o mesmo nome que havia no Bairro Alto.<br />Agora é um espaço grande, com muitos livros, salas com exposições, concertos, uma loja do "Comércio Justo" e muito mais. Ainda só conheço de forma virtual, mas já agendei a visita para o fim de semana.<br /><br />Voltarei em breve, estejam atentos :)C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-24123957338225718052007-11-09T09:57:00.000-08:002007-11-09T11:53:39.336-08:00DificuldadesHoje estou cansada, deprimida, farta, cheia, triste...<br /><br />A ideia de entrar de serviço deixou-me súbitamente cansada.<br /><br />Não costumo ser assim.<br /><br />Gosto do que faço. Orgulho-me de o tentar fazer bem.<br /><br />Se calhar estou mesmo cansada, não de trabalhar, mas de assistir, ano após ano, mês após mês, governo após governo, na tal "alternância democrática", às mesmas merdas, feitas da mesma forma, pelos mesmos gajos, vestidos de cores ligeiramente diferentes!<br /><br />São sempre senhores/as, mais ou menos bem-falantes (há uns que nem isso!), mas...vazios de conteúdo? incompetentes? pouco preocupados com o próximo? todas as anteriores?<br /><br />Falam com facilidade do que não sabem, com ar de doutoures na matéria, decidem sobre assuntos que não entendem e, last but not least, gastam de uma forma indesculpável o dinheiro dos contribuintes.<br /><br />Será que tem mesmo que ser assim?<br /><br />Eh lá! Querem lá ver que até sou capaz de me zangar?<br /><br />Zango-me com "eles", entristeço-me comigo.<br /><br />CMC.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-53334667608608060202007-10-02T16:43:00.000-07:002007-10-18T13:29:23.315-07:00Regressei de uma espécie de faz de conta.<br />Fiz de conta que era marujo durante 5 dias.<br />Isto de ser marujo tem o que se lhe diga, não é tarefa fácil, as faxinas, as latrinas, os quartos (linguagem marinheira para dizer:4 horas de trabalho), o balanço, enfim, toda uma vidinha diferente com alguma dureza mas envolta do mistério que é o mar e regada com a possibilidade de apenas, observar.<br />Lá, nesse sítio, a horripilante pulseira electrónica a que chamamos carinhosamente telemóvel, não funciona, e aqui entre nós mesmo que funcionasse...mantive-me estratégica e"oficialmente", sem rede!<br />Os computadores e televisões também ficaram em casa.<br />Uns livritos para os menos mareados foi o melhor que se arranjou, de resto foi apenas trabalho marinheiro, sentir a vida, conversar muito, rir bastante.<br />Inacreditávelmente resultou tão bem que na volta à faina da vida real, todos suspiramos pelo apito da faina marinheira.<br /><br /><br />Mas a ideia deste blogue tem pouco a ver com vida de marinheiro, tem como objectivo primário, o desabafo, já agora porque não partilhá-lo e "escutar" as vossas opiniões sobre os desaires da existência de um afincado técnico de saúde.<br /><br /><br />E, no regresso da curta ausência, cumpre-me informar que...está tudo na mesminha.<br /><br />O mesmo local de trabalho mal cheiroso, os mesmos pacientes , ora mais um termo mal aplicado, já não há nem pacientes, nem doentes, há utentes, esta nova terminologia, é claramente mais adequada, mais igualitária, mais democrática, porque diabo é que se chamava doentes às pessoas? Com que direito?<br /><br />Os alunos que se ponham já em campo para reclamar!<br /><br />"queremos ser utentes da escola e não alunos!" (designação totalitária e ostracizante)<br /><p><br /></p>C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-91723128377989085992007-09-21T16:21:00.000-07:002007-10-05T08:12:51.408-07:00Relógios de ponto<span style="font-family:arial;">Pois bem, decidiram então instâncias superiores ( e por isso mesmo mais bem informadas) que os hospitais passassem a ter, tal como as repartições, um relógio de ponto. Um relógio de ponto digital, finissimo e não enganável (pois toda a gente sabe que as pessoas que trabalham nos hospitais enganam tudo e todos, não cumprem horários, é uma rebaldaria), isto já para não falar nas condições principescas em que trabalham ou nos ordenados faustosos de que auferem. Assim sim, fez-se justiça finalmente. </span><br /><br /><span style="font-family:arial;">Pois bem, posto isto, e concordando com o principio do cumprimento de horários, vou passar a cumpri-los de forma escrupulosa, doa a quem doer, chega à hora e...andor. </span><br /><span style="font-family:arial;">O Sr. Fulano, que só queria uma receita do remédio que acabou...vai então esperar por amanhã, também é dia amigo e na hora certa estamos cá todos, o autocarro atrasou-se? não, os autocarros deste cantinho magrebino não se atrasam, também já têm relógios de ponto ou o Sr. não sabia?</span><br /><span style="font-family:arial;"></span><br /><span style="font-family:arial;">E, como é bom de ver a malta agora com o horário bem controladinho trabalha muito mais e melhor! </span><br /><span style="font-family:arial;"></span>C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3886622243690923251.post-51472575046868856602007-09-20T15:08:00.000-07:002007-09-20T15:23:13.004-07:00Ora aqui está uma ideia interessante.<br /><br />Criar um blogue e tornar públicos os pensamentos e os despensamentos.<br /><br />E haverá quem se interrogue sobre esta necessidade, pois é mesmo verdade, é uma forma de catarse sim senhor, com várias vantagens em relação às formas mais convencionais como bater em alguém ou ir ao psiquiatra pois não tem qualquer belicismo associado e é de borla!C.M.http://www.blogger.com/profile/08798992394009986401noreply@blogger.com3